Como aprendi a “ler” Paulo Freire…

Por José Barroso Filho

 

PAULO FREIRE que, hoje chegou, há cem anos. Daqui se foi em 1997.

Nele as palavras foram geradoras da percepção de uma Educação que liberta e amplia horizontes.

Sim, os limites do nosso mundo são os limites do nosso conhecimento.

Fala-nos de uma educação dialógica, própria de sujeitos, que não se assujeitam nem se prestam a serem objetos.

Pense bem, uma mesa não se importa em ser mesa, nem com ela se pode conversar. Em verdade, nem se incomoda em ser e permanecer mesa.

Ser humano é um ser de consciência sendo da sua natureza a percepção, a intencionalidade e a expressão tão mais aprimoradas e portadoras de futuro quando se “lê o mundo”  para esperançar que “um novo mundo é possível”

Afinal, diz Paulo que se fez Freire:

“O homem como ser inacabado, que se sabe inacabado, que vive em busca de sua, que nunca encontra, por isso é que ele se educa”

Percebe-se nele, muito amor e fé que lhe dá e nos oferece o inalienável direito de esperançar o Futuro.

É mesmo, esperançar é o mais substantivo dos verbos.

É preciso arar o terreno, retirar as pedras e semear.

Anima-nos ser o homem: curioso, complexo e inacabado. Não há aluno melhor.

Então, esses sujeitos se educam mutuamente sob os olhares e influxos da mestre Vida

“Lendo o mundo”, esse sujeito, que só o é mediante/perante um outro, promove um diálogo de saberes debruçado na problematização da realidade, construindo uma equação que tem o Futuro como resultado almejado.

Desnecessárias próteses ou órteses ideológicas a quem tem consciência que, por natureza, o rio segue em frente, sem que as margens que, dialética e dialogicamente, indicam o caminho, possam me aprisionar.

Assim, educado, fazemos história e nos fazemos históricos.

Mestre Freire, se, em ti, muito me inspiras, de ti, por vezes, discordo.

Em tantos e por tantos, me justifico…

               Pois é, aprendi a “ler” e tomar gosto pela Vida…

* Reprodução autorizada pelo autor José Barroso Filho Ministro do Superior Tribunal Militar e Conselheiro do Conselho Nacional de Educação

**Texto originalmente publicado em 20/09/2021 no jornal eletrônico Estadão (link https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/como-aprendi-a-ler-paulo-freire/)