6.8 Linguagem Corporal (o fator não verbal)

<bibliografia>

Guia, p. 211: MATSCHNIG, Monica. Linguagem corporal. Trad. Fernanda Romero. Petrópolis: Vozes, 2015, p. 13: “Você imaginaria que, quando encontramos uma pessoa pela primeira vez, 93% do que comunicamos é por nossa linguagem corporal? 55% da nossa atenção direciona-se à postura, ao gestual e à expressão facial do interlocutor, e outros 38% ao volume ou à melodia da voz. Sendo assim, o conteúdo do que ouvimos, em oposição à maneira como nos é transmitido, nos interessa 7%. Nenhuma surpresa, pois a linguagem corporal do interlocutor nos revela mais sobre a sua personalidade do que mil palavras”.

Guia, p. 211: WATZLAWICK, Paul; BEAVIN, Janet Helmick; JACKSON, Don D. Pragmática da comunicação humana. Trad. Álvaro Amaral. São Paulo: Cultrix, 1991, p. 19: “Pois os dados da pragmática são, não só, as palavras, suas configurações e significados, que constituem os dados da sintaxe e da semântica, mas também os seus concomitantes não-verbais e a linguagem do corpo. Ainda mais, nós acrescentaríamos às ações comportamentais pessoais as pistas de comunicação inerentes ao contexto em que ela ocorre”.

Guia, p. 212: MELO, João Ozorio. Em julgamentos, linguagem corporal pode ser tão decisiva quanto palavras. “A ex-promotora federal em Washington, D.C., Allison Leotta, escritora de cinco livros de sucesso, escreveu para o Jornal da ABA (American Bar Association) que, da mesma forma, a linguagem corporal (incluindo expressões faciais, atitudes, comportamento) dos advogados e promotores que atuam no Tribunal do Júri é tão crucial quanto a eloquência verbal. ‘É uma pena que as faculdades de Direito não incluam a linguagem corporal no currículo. Por isso, muitos advogados nunca usam esse recurso durante um julgamento. Já vi muitos advogados e promotores totalmente crus nessa ‘disciplina’, o que me deu uma chance de perceber o que estava errado e trabalhar no meu próprio desempenho’”. Consultar: http://www.conjur.com.br/2016-dez-09/linguagem-corporal-tao-decisiva-juri-quanto-palavras

Guia, p. 212: WATZLAWICK, Paul; BEAVIN, Janet Helmick; JACKSON, Don D. Pragmática da comunicação humana. Trad. Álvaro Amaral. São Paulo: Cultrix, 1991, p. 57: “Nós sustentamos que o termo deve abranger postura, gestos, expressão facial, inflexão de voz, sequência, ritmo e cadência das próprias palavras, e qualquer outra manifestação não-verbal de que o organismo seja capaz, assim que as pistas comunicacionais infalivelmente presentes em qualquer contexto em que uma interação ocorra”. 

Guia, p. 212: DIMITRIUS, Jo-Ellan; MAZZARELLA, Mark. Decifrando Pessoas. Trad. Sonia Augusto. Elsevier, 2009, p. 40: “Embora você não deva se basear demais apenas na linguagem corporal, não há como negar que ela pode trazer informações valiosas. Por exemplo, se tiver a impressão de que alguém está mentindo, você pode tentar forçar a pessoa a lhe contar a verdade, procurar alguma evidência material ou talvez confirmar sua suspeita com informações de uma outra pessoa. A maioria das pessoas fica muito incomodada por mentir, e assim não é muito difícil pegar uma mentira se você souber em que prestar atenção. Você pode não ser capaz de provas as suas conclusões num tribunal – mas provavelmente não precisará fazer isto. Uma vez que a linguagem corporal de uma pessoa tenha lhe dado um sinal de que ela estaria mentindo, você pode confirmar sua suspeita por intermédio dessas outras fontes, se a situação permitir”.

Guia, p. 213: DIMITRIUS, Jo-Ellan; MAZZARELLA, Mark. Decifrando Pessoas. Trad. Sonia Augusto. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, p. 71: “Quando o tom de voz, as palavras e a linguagem corporal de uma pessoa estão sincronizados – quando se combinam num padrão consistente – é bem fácil interpretar o modo como ela está se sentindo e prever como irá reagir a diversas situações. A situação é bem diferente quando o tom de voz e a linguagem corporal não combinam um com o outro, ou com as palavras da pessoa. Nesse caso você precisa considerar quais os elementos que formam um padrão mais consistente e tirar conclusões adequadas”.

Guia, p. 213: MARGRAF, Priscila de Oliveira; MARGRAF, Alencar Frederico. Prova Oral: Linguagem Corporal e Falsas Memórias em Interrogatórios e Depoimentos. Curitiba: Juruá, 2018, p. 178: “Por essa razão torna-se importante aprender a realizar uma leitura corporal sem qualquer pré-julgamento e, muito menos, inclinado para um ou para outro lado. Ou seja, uma boa leitura corporal exige neutralidade e imparcialidade, pois somente assim poderá constatar os verdadeiros sentidos dos narradores. Outra questão importante é reconhecer que todos possuem limites interpretativos, portanto, qualquer pré-julgamento acarretará em uma análise superficial, assim, a construção de um padrão comportamental do falante torna-se indispensável, e isso só será possível a partir de pelo menos duas sessões em que se analisa sua linguagem corporal”.

Guia, p. 213: EKMAN, Paul. A linguagem das emoções: Revolucione sua comunicação e seus relacionamentos reconhecendo as expressões das pessoas ao redor. Paul Ekman; Tradução Carlos Szlak. São Paulo: Lua de Papel, 2011, p. 32: “Ao utilizar o Sistema de Codificação da Ação Facial, identificamos os sinais faciais que denunciam a mentira. O que denominei microexpressões — movimentos faciais muito rápidos, que duram menos de um quinto de segundo — são fonte importante de escapamento, revelando uma emoção que a pessoa está tentando ocultar. Uma expressão falsa pode ser denunciada de diversas maneiras: em geral, é levemente assimétrica e carece de uniformidade da forma que flui de vez em quando da face. Meu trabalho a respeito da mentira me colocou em contato com juizes, policiais, advogados, o FBI, a CIA, o ATF (Bureau of Alcohol Tobacco and Firearms) e órgãos similares, em alguns países amistosos. Ensinei a todas essas pessoas como determinar com mais precisão se alguém está dizendo a verdade ou mentindo. Esse trabalho também me deu a oportunidade de estudar as expressões faciais e emoções de espiões, assassinos, fraudadores, criminosos, líderes nacionais estrangeiros e outros, que um professor não teria contato normalmente.”

Guia, p. 214: MARGRAF, Priscila de Oliveira; MARGRAF, Alencar Frederico. Prova Oral: Linguagem Corporal e Falsas Memórias em Interrogatórios e Depoimentos. Curitiba: Juruá, 2018, p. 179: “Jo-Ellan e Mark apresenta um rol de comportamentos (pistas) para constatar se a pessoa está ou não mentindo durante a sua narrativa, pois o desconforto em expor uma história fantasiosa faz com que o corpo literalmente fale de maneira diversa, tais como: i) olhos que se movimentam frequentemente para os lados, buscando desviar o olhar do interlocutor inquisidor; ii) corpo inquieto; iii) exposição dos fatos de maneira apressada; iv) alteração na entonação da voz; v) inclinar o corpo para frente e para trás durante a fala; vi) suor e tremor; vii) colocar a mão sobre a boca e esfregar constantemente a cabeça; viii) esfregar a língua sobre os lábios. Apesar de ser apresentado um rol de comportamentos que podem indicar desonestidade por parte do narrador, tem-se que ter calma antes de afirmar categoricamente que tal depoimento se trata de uma mentira. Tais expressões corporais somente poderão ser consideradas como indícios de falsidade se aquele que está analisando conseguir fixar um padrão comportamental do narrador, ou seja, é muito arriscado afirmar que a pessoa está mentindo simplesmente porque está a falar com a mão em frente da boca, sendo que na verdade ela assim o faz porque tem vergonha de seus dentes ou de seus lábios. Bem como, é temeroso atribuir ao narrador o estigma de mentiroso apenas pelo fato de não falar olhando nos olhos, pois poderá ocorrer que ela sofra de nistagmo (doença dos olhos inquietos). Cabe aqui ressaltar que, em pesquisas realizadas pelo FBI ficou constatado que geralmente a narrativa mentirosa se dá por aquela pessoa que narra um fato ‘olhando nos olhos’ do ouvinte, pois acredita que se desviar os olhos será taxado como mentiroso, ou seja, desviar o olhar durante uma narrativa não significa, necessariamente, que esteja mentindo, mas narrar com olhar firme e penetrante, geralmente o é”.

Guia, p. 215: MATSCHNIG, Monica. Linguagem corporal. Trad. Fernanda Romero. Petrópolis: Vozes, 2015, p. 20: “Como bloquear sentimentos com o corpo: – Erga as sobrancelhas o mais alto que puder, arregalando bem os olhos, e então tente se sentir e parecer furioso. Provavelmente será impossível não rir de si mesmo durante essa tentativa frustrada. – Você tampouco conseguirá ter pensamentos negativos enquanto girar os olhos e passar a língua sobre os lábios. – Em contrapartida, você terá muita facilidade para demonstrar aborrecimento se estiver contraindo as sobrancelhas. Mas você é capaz de rir ou pensar em algo bonito enquanto faz isso? – Agora cerre os dentes com firmeza e tente pensar positivo. Praticamente impossível, não é?”.

Guia, p. 215: CASCUDO, Luís da Câmara. História dos Nossos Gestos. São Paulo: Global, 2003, p. 240: “Apertar os lábios. Denúncia de extrema contenção, mobilizando todos os recursos da memória para resolver o problema imediato. Sinal de obstinação […]  Assim fiz e semelhantemente fizeram os meus alunos, em meio século de observação e convívio. Repete-se nos concursos universitários e questionários de televisão. […]  Esse movimento centrípeto é o inverso de entreabrir a boca, numa abstração devaneante e aleatória. Deve existir há milênios e milênios, desde que o pensamento tornou-se uma permanente dominadora e ao intermitência de sugestões, em todos os povos do mundo. É o índice visível da concentração mental”.

Guia, p. 215: MATSCHNIG, Monica. Linguagem corporal. Trad. Fernanda Romero. Petrópolis: Vozes, 2015, p. 16: “Observe uma pessoa muito extrovertida: toda a sua linguagem corporal parece vívida e cheia de energia. Isso se manifesta tanto nos gestos amplos e efusivos, executados predominantemente de dentro para fora, quando em sua expressão facial significativa. Além de postura ereta, esse tido é caracterizado por sua forma rápida e balançante de andar. Bem diferente do tipo introvertido: nele tudo parece contido – pouca expressão facial, gestos pequenos, a maioria de fora para dentro, e postura curvada. Em linguagem corporal mínima revela pouco, razão pela qual pessoas desse tipo são pouco transparentes (à primeira vista)”.

Guia, p. 215: RETONDAR, Jeferson José Moebus. Teoria do Jogo. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 28: “Cada gesto, cada olhar, cada movimento, cada pulsar de tensão e atenção absorve por completo o sujeito na tarefa que, naquele momento do jogo, pode ser muito cara para ele”.